Entrevista com Dara Sant’anna

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Dara Sant’anna é mulher, jovem, negra e não tem receio de levar essa identidade para a sua história de luta. O pai se casou com a estrelinha do PT, então o partido sempre esteve em sua trajetória, que passou pela Direção de Combate ao Racismo da UNE, pela batalha pelo passe livre e também por uma educação de qualidade. Agora, ela é candidata à deputada estadual e quer levar para Alerj essa bagagem e força jovem por um estado melhor.

PT-RJ: Dara, queria que você falasse um pouco da sua trajetória, da sua história até aqui, até a militância no Partido dos Trabalhadores e a candidatura.

Dara: Falar da minha militância no PT é falar da minha vida. Meu pai casou com uma estrelinha na lapela. Então, desde bebê eu carrego uma estrela do PT na minha camisa, mas quando eu tomei autonomia e protagonizei a minha história de relação com o PT foi a partir da luta pelo passe livre, ali em 2006, que eu comecei no movimento secundarista até que na faculdade não teve jeito, virei diretora de combate ao racismo da UNE e comecei a organizar uma trajetória em que eu protagonizava. 

PT-RJ: Eu queria que você falasse um pouco agora dos desafios né, dos principais desafios que você enfrentou nessa trajetória e que você enfrenta agora para construir a sua pré-candidatura.

Dara: Primeiro que eu pego o período, por exemplo, na diretoria de combate ao racismo da UNE pós golpe, e isso já é um tapa na cara, um acorda de realidade. Uma juventude que estava debatendo 10% do pré-sal para a educação, que estava debatendo ampliação da lei de cotas, que estava debatendo uma série de avanços de progressão de direitos e de repente vê a reforma trabalhista, a reforma previdenciária, começam a cortar na educação, contingenciamento das verbas da educação, a PEC do fim do mundo que congela os gastos da saúde, educação, assistência social. Então, uma juventude que pensava que ia conseguir conquistar mais direitos, que ia conseguir mais garantias de direitos, se pega num lugar em que você tem um recuo desses direitos, sem garantia, e começa a fazer o enfrentamento de: como a gente pede mais sendo que temos que guardar o que a gente consegue ainda? Acredito que o grande desafio para essas pré-candidaturas jovens é exatamente esse lugar, uma juventude viver e alcançar alguns direitos, alcançar alguns debates políticos e que hoje se encontra no lugar de defender o básico, defender o combate à fome, defender o salário mínimo no valor que consigo alcançar a inflação. Isso são direitos que pensamos que estavam superados e que de repente se encontra no debate de fortalecimento para além da ampliação da lei de cotas, por exemplo, que a gente quer para a pós-graduação e para o mercado de trabalho 

PT-RJ: Queria que você falasse um pouco asobre suas principais pautas, como candidata e também militante.

Dara: Eu sou fruto do Movimento Negro. Então, sempre fui militante, sempre me organizei, mas o movimento negro foi o lugar onde eu me encontrei com mais força. E quando falamos do movimento negro no Brasil, precisamos fazer alguns debates que são marcadores: a questão da segurança pública é uma delas, e aí uma reformulação da forma de como pensamos segurança pública. Durante muito tempo debatemos segurança pública como um debate sobre armamento e não armamento, militarização da polícia e desmilitarização da polícia. Existe um lugar de segurança pública que é a segurança para todos e todas. Quando falamos de bem-viver estamos falando de segurança pública. Segurança pública não é investimento em arma, o debate da segurança pública precisa passar pelo direito à cidade, pela educação, pela saúde, pela garantia de renda básica, isso para mim é o debate de segurança pública. Enquanto a estivermos falando de armas, não estamos falando de segurança para todo mundo.

E outra linha que precisamos falar é o combate à evasão estudantil. Voltamos para o mapa da fome. A nossa juventude perdeu perspectiva de sonho, de garantia de direitos ou sequer de pensar universidade, vide as taxas de inscrição para o ENEM, quanto reduziu. A gente precisa resgatar esse sonho, e resgatar esse sonho é investir numa política de combate à evasão estudantil. Isso quer dizer tornar as escolas atrativas para nossas crianças, para os nossos jovens e também para a comunidade no entorno. Esses jovens estão saindo da escola, estão da universidade para poder trabalhar e garantir vida. A escola precisa passar por um debate de empregabilidade, renda e construção de sonhos, mas não nesse lugar desse tal projeto de vida ou que essa reforma do Ensino Médio traz para gente, que é um lugar vazio e tecnicista. Num lugar de que essas pessoas produzem conhecimento sim e que esse conhecimento precisa dialogar com o que é produzido na sala de aula. Então essa reforma, “re-reforma” do ensino médio que a gente pode falar e a forma como a gente vai investir nas nossas escolas para que elas se tornem atrativas não só no sentido “aí você vai se formar e conseguir um emprego”, mas no sentindo que a comunidade se beneficia de uma biblioteca, a comunidade se beneficia de uma escola climatizada, a comunidade toda se beneficia de uma escola que tem horta comunitária e que consegue fazer o plantio ali.

PT-RJ: Como é ping pong, eu vou fechar, eu falo uma palavra e você fala brevemente sobre ela, tá? 

PT-Racismo

Dara: inadmissível 

PT-RJ: Bolsonaro 

Dara: fora

PT-RJ: Lula 

Dara: Meu presidente, por favor!

PT-RJ: Rio de Janeiro 

Dara: Esperança 

PT-RJ: Um sonho 

Dara: Brasil feliz de novo 

 

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