Entrevista com Margoth Cardoso
12/08/2022
Entrevista com Wesley Diniz
20/08/2022

Bruna Rodrigues

Camila Marins é mulher negra, jornalista e lésbica. Com uma ampla experiência de trabalho no movimento sindical, ela traz também na bagagem uma história de militância nas comunicações, no movimento de mulheres negras e no movimento LGBTQIA+. É uma das fundadoras da Revista Brejeiras, do Ocupa Sapatão e ajudou a construir o Projeto de Lei Luana Barbosa, de autoria de Marielle Franco, uma iniciativa fundamental para a garantia de direitos em defesa da vida das mulheres lésbicas. Com todas essas práticas e compromissos, Camila agora é candidata a deputada federal para defender em Brasília, ao lado de Lula, essas pautas tão fundamentais e negligenciadas na política e na administração pública. Ela contou para nós um pouco de sua trajetória, o que a motiva para a luta e os desafios nessa campanha eleitoral.

PT-RJ: Fale um pouco da sua história e como chegou na política.

Camila: Meu nome é Camila Marins, sou jornalista, feminista negra sapatão e acho que para começar a contar um pouco de como eu cheguei na política acho que basta nascer, nascer mulher negra. A gente já nasce na luta, nessa caminhada, trajetória de resistência, de afirmar a vida, de nos manter sempre vivas. Eu nasci em Minas Gerais, no interior, em Santa Rita do Sapucaí, mas fui criada na Zona Oeste por dois anos, 12 anos aqui no Rio de Janeiro, em Jacarepaguá e logo depois me mudei para Minas novamente, Campinas, até que eu retornei ao Rio de Janeiro para trabalhar aqui num sindicato de engenheiros. Também trabalhei no sindicato da UERJ, sempre trabalhei com o movimento sindical e dentro da esquerda e também militando nos movimentos de mulheres, feministas, LGBT e, principalmente, de mulheres lésbicas. Aqui no Rio de Janeiro eu fui uma das formuladoras do projeto de lei Luana Barbosa, na ALERJ, também ajudei a escrever o projeto de lei da visibilidade lésbica, de autoria de Marielle Franco. Sou uma das fundadoras da Ocupa Sapatão, da Frente Lésbica do Rio de Janeiro, fui diretora do Sindicado dos Jornalistas do Rio de Janeiro e hoje coloco o meu corpo à disposição dessa responsabilidade coletiva de afirmação da vida, dos nossos direitos e de luta contra esse ódio e essa extrema-direita que estão aí.

PT-RJ: Gostaria que você falasse um pouquinho da sua história com o partido. Como você chegou ao PT? Como é estar com Lula, essa nova esperança para o Brasil?

Camila: Bem, eu venho do PSOL na realidade, de mais de 10 anos de militância na disputa partidária, entendendo a responsabilidade também nessa estrutura da importância da disputa institucional. No entanto, com a atual conjuntura, não só no Brasil como também no mundo de avanço da extrema-direita e de governos que desestabilizam a democracia, entendi, de forma coletiva com um grupo de mulheres em reunião na Casa das Pretas, que o Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras é uma rota para nós nesse momento, uma rota tanto de afirmação da democracia, da afirmação dos nossos direitos e principalmente de esperança. Eu tenho certeza que se hoje estamos construindo o Partido dos Trabalhadoras e Trabalhadores é com a esperança de reconstruir o Rio de Janeiro e o Brasil com Lula.

PT-RJ: Queria que você falasse agora um pouco das suas pautas. O que você vai defender se você for eleita. E qual a expectativa do que você vai defender durante a sua campanha eleitoral.

Camila: Quero dizer para você que eu quero estar em Brasília, eu quero ser eleita, estaremos em Brasília de forma coletiva, com os movimentos sociais.  Até por que a nossa candidatura responde a um chamado popular das ruas, defendendo algumas pautas principais. A luta contra militarização da vida, ou seja, vamos disputar uma política de segurança pública que seja em favor da vida e não do genocídio que acontece nas favelas e periferias hoje em dia. Vamos disputar o orçamento público, se o presidente Lula diz que o orçamento público tem que ter cara de povo, eu digo que o orçamento tem que ter cara de mulher negra. Vamos disputar o orçamento público a partir de gênero, raça e classe. E dizem por aí que mulher não entende de economia, pois bem, eu entendo. E a gente quer interferir na política econômica desse país para gerar emprego e renda, para o Brasil a sorrir de novo. Também a comunicação é uma das nossas pautas principais, tanto no enfrentamento às Fake News, que desestabilizam a nossa democracia e atingem a honra principalmente de mulheres, pessoas negras, LGBTs, como também na regulamentação das plataformas digitais. E quando eu falo de regulamentação, eu falo de uma regulamentação econômica e social, que a taxação das plataformas organize um fundo de fomento à comunicação comunitária, sindical e popular. Dessa forma, vamos gerar emprego e renda para comunicadores e comunicadoras populares, priorizando também mulheres, pessoas negras e LGBTs. E também, obviamente, vamos com a pauta LGBTQI+. Até hoje o Congresso Nacional não aprovou nenhuma legislação sobre a população LGBT. E isso precisa mudar. Eu vou lutar por políticas específicas para a população LGBT, tanto no orçamento, na política econômica, quanto nas políticas sociais, priorizando as áreas da saúde, educação e segurança pública. Precisamos mudar essa história e também levar com muita força a nossa bandeira e evidenciar o projeto de justiça por Luana Barbosa, uma sapatão, negra, periférica, mãe que foi barbaramente espancada e assassinada pela violência policial. Nós vamos nacionalizar o projeto de lei Luana Barbosa. E sim, eu quero estar no Congresso Nacional para tirar os boys lixo do poder. Vem com a sapatão!

PT-RJ: Agora vamos fazer um Ping Pong.

PT-RJ: Racismo

Camila: Luta contra

PT-RJ: Mulheres negras

Camila: Vida

PT-RJ: Sapatão

Camila: Felicidade

PT-RJ: Jornalismo

Camila:  Democracia

PT-RJ: Comunicação

Camila: Direito

PT-RJ: Bolsonaro

Camila: Ódio

PT-RJ: Futuro

Camila: Mulheres no poder

PT-RJ: Sonho

Camila: Um Brasil justo e solidário

PT-RJ: Lula, para fechar

Camila: Esperança.

 

Os comentários estão encerrados.