CHEGA DESTA BARBÁRIE CONTRA OS POBRES NO RIO DE JANEIRO

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Benedita da Silva

O Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira mais um dia de horrores com a intervenção armada e violenta de forças policiais estaduais e federais contra a comunidade pobre de Vila Cruzeiro no complexo da Penha. Sob o argumento de combater bandidos levaram morte, dor, pânico, fechamento de escolas, do comércio, confusão em becos e vielas. Como se tornou rotina nos últimos anos. Desta vez foram mais de 20 mortos. Poderia ter sido mais.

Quantos destes não eram criminosos? Quantos inocentes? Quantos policiais poderiam ter sido mortos pela ausência de equipamentos, de planejamento e inteligência na operação? Porque se me disserem que ela foi planejada, direi: para matar? Se me disserem que houve inteligência, direi: para causar o pânico em milhares de famílias inocentes?

Não! O que se faz no Rio, como disse infelizmente o jornalista Reinaldo Azevedo,” é oferecimento de carne preta aos canibais em ano eleitoral”. É o que fez o governador Claudio Castro, com apoio policial e motivação do governo Bolsonaro, propagador do ódio contra os mais pobres, que são as principais vítimas do despreparo das policias e do armamento indiscriminado.

Que bandidos há nos morros do Rio de Janeiro, ninguém contesta. Como os há no asfalto. Mas, certamente não são as centenas de milhares de moradores das nossas comunidades. 

Quando o STF acertadamente decidiu pela proibição de operações policiais violentas como a ocorrida na Vila Cruzeiro, estava pensando nesta maioria trabalhadora, pacífica, muitas vezes vítimas ou reféns de bandidos e até mesmo de maus policiais. Por isto desrespeitar a decisão do STF é deixar milhares de famílias ainda mais vulneráveis ao tiroteio, à bala do fuzil trocada entre facções e a polícia. Se os bandidos estão voltando às comunidades, como argumenta a PM, não é por causa da decisão do STF, mas pela falta de planejamento, de inteligência da política de segurança pública que acredita que tudo pode ser resolvido na bala.

Claudio Castro é cúmplice desta política, por mais que queira mostrar uma face supostamente cordial. Tal afirmação se baseia no recente estudo apresentado pelo Instituto Fogo Cruzado, em parceria com Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde registra 39 chacinas com 180 mortes em um ano de gestão do governador Cláudio Castro, que ainda acumula as duas maiores chacinas em operações policiais da história do Rio de Janeiro: a primeira, em maio de 2021, na favela do Jacarezinho, que deixou 28 óbitos; e a segunda, agora, maio de 2022, na Vila Cruzeiro com 24 mortos. 

Chega desta brutalidade. Chega desta barbárie contra os pobres, os pretos e as pretas do Rio de Janeiro. Eles querem trabalho, políticas sociais, segurança pública que os proteja e não os ameace. 

Às famílias das vitimas inocentes minha solidariedade e compromisso de continuar lutando por suas vidas e pela justiça. Ao governador Claudio Castro meu repúdio e a exigência de que pare já com estas operações. 20 mortos! Este é o trágico saldo desta sua aventura, governador.

 

 

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