Brasil registra recorde de LGBTs mortos em 2017: média é de 1,05 por dia

Recado de Sandro Cesar, Secretário Sindical do PTRJ
27/09/2017
O PT e o socialismo
27/09/2017

Via Esquerda Diário, com informações do UOL

Se em 2016, com uma marca recordista, um LGBT era morto a cada 25 horas, em 2017 caiu para 23 horas. Além disso os números de outros tipos de violência e violação de direitos humanos também aumentaram.

Sobre a motivação do aumento, o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira se pronunciou. “Temos a questão da impunidade dos crimes. Muitos não chegam nem sequer a serem instruídos com início, meio e desfecho —e falo ’desfecho’ querendo significar assassinos presos e pagando com aplicação da lei. Outro fator é a vulnerabilidade social muito grande, o que faz com que as pessoas se tornem vítimas. E tem o aspecto cultural, e esse é o pior de todos, que é a sociedade considerar essas pessoas de segunda categoria.”

Apesar dos dados chocarem, a realidade ainda é parcialmente registrada, ou seja, mesmo com o levantamento que a ONG faz dos assassinatos que foram confirmados como crimes de ódio contra LGBTs, muitos casos não são interpretados como uma violência motivada pela sexualidade ou gêneros (trans), outros casos nem chegam a ser registrados muito menos noticiados. Portanto o esforço de pesquisa e busca de dados do GGB são de extrema importância na falta de registros oficiais que demonstram a negligência do governo sobre esses assassinatos.

O próprio Ministério de Direitos Humanos (MDH) admite que os números podem ser maiores. Em 2016 foram contabilizadas 1.876 denúncias de violências praticadas contra LGBTs. Além dos homicídios, é bastante presente relatos de violência psicológica, violência física, lesão corporal e maus-tratos.

A violência contra LGBTs é tragicamente marcada pela brutalidade contra as vítimas enquanto o Estado e suas instituições seguem como sempre de costas para os LGBTs. Se no governo Dilma o kit anti-homofobia foi barrado pela ex-presidente como barganha para manter a bancada evangélica como base aliada, rifando as conquistas de movimentos sociais e LGBTs, recentemente a Justiça Federal autorizou psicólogos a tratar LGBTs como doentes, liminar que ficou conhecida como a “cura gay”.

Além disso o PL do “Escola Sem Partido” que proíbe a discussão sobre gênero e sexualidade é um exemplo de como os políticos querem calar qualquer um que questionar o aumento da violência contra LGBTs.

Os movimentos LGBTs, junto com movimentos sociais, sindicatos, estudantes e organizações de esquerda, protagonizaram fortes atos contra a “cura gay”, chegando à 15 mil em São Paulo, que também é uma luta pelo direito à vida. As LGBTs não são doentes nem vão aceitar os ataques contra seus direitos, por isso é fundamental apoiar a construir os próximos atos.

“Estas mortes sempre existiram; há mais visibilidade”

Outra entidade que faz um levantamento de casos é a Rede Trans Brasil. Segundo a coordenadora de comunicação da rede, Sayonara Nogueira, desde 2008 o número de casos vem crescendo. Neste ano, já foram registrados 125 assassinatos –no ano passado inteiro foram 144. “Houve também neste ano um aumento no número de tentativas de assassinato e de violação dos direitos humanos”, conta.

Ela não acha que as mortes estejam crescendo no país, mas vê uma maior circulação da informação e monitoramento feito pela sociedade. “Essas mortes sempre existiram, só que está ocorrendo agora uma maior visibilidade. Nós temos algumas legislações importantes também que dão visibilidade à causa, como o uso do nome social, a permissão para que casos de violência sejam julgados dentro da Lei Maria da Penha. Tudo isso tem tido uma visibilidade maior, e essas mortes vêm aparecendo mais”, afirma.

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