O falso dilema e o caos brasileiro

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No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo estava sendo atingido por uma pandemia de um novo tipo coronavírus. Desde então, a organização, em conjunto com outras instituições internacionais, formulou uma série de recomendações para os governos do mundo com o intuito de frear a rápida disseminação do vírus e, como consequência, o esgotamento dos sistemas de saúde e a escalada do número de mortes.

Entre as recomendações prioritárias estava o uso de máscara, a higienização das mãos e a necessidade de distanciamento e isolamento social. A grande questão que se apresentava, naquele momento, entre epidemiologistas e demais especialistas da saúde e das ciências humanas e sociais era, essencialmente, como manter o distanciamento e o isolamento num mundo cujo processo produtivo e a economia dependem da constante troca e interação humana em seus mais diversos níveis.

A questão logo foi superada e as principais economias do planeta estabeleceram severas restrições de deslocamento, enquanto as pesquisas sobre a vacina eram desenvolvidas. Logo que os laboratórios apresentaram bons resultados, esses mesmos países fecharam acordos de aquisição e passaram a vacinar rapidamente todos os seus cidadãos. É o caso, por exemplo, do Reino Unido, que castigado inicialmente pelas altas taxas de contaminação agiu rápido fortalecendo o National Health Service (NHS), impondo lockdown e implementando uma forte campanha de vacinação. Como resultado, os ingleses agora assistem à segura retomada econômica, como ficou evidente nos dados recentes apresentados pela agência Reuters.

Totalmente oposto ao exemplo britânico, empresários, instituições e o presidente brasileiro apostaram em alimentar uma falsa dicotomia entre salvar vidas ou preservar a economia. Enquanto isso, o governo mostrou-se inerte demorando a retomar a concessão do auxílio emergencial, penalizando milhares de famílias e pequenos e médios empresários. De fato, foi preciso que os estados assumissem essa responsabilidade, como fez o Rio de Janeiro, aprovando recentemente o programa “Supera Rio”.

O dilema entre vida versus economia nos trouxe ao estado de coisas que temos agora. Diante das novas mutações, a pandemia está totalmente descontrolada no país, os índices de mortes sobem diariamente e mesmo após o sacrifício de milhares de vidas o PIB não dá sinais de melhora. Impedir o lockdown trouxe consequências drásticas e a trilha para superar a pandemia parece distante dos sonhos brasileiros.

Erivelton Dias Costa

Secretário de Finanças do PT-RJ, e assessor do deputado e presidente da Alerj, André Ceciliano.

Texto publicado em 13/04/2020 na Revista Forum.

 

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