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Médicos e reserva de mercado

Em mais uma manobra para atender exclusivamente ao lobby das entidades da categoria, o golpista Temer assinará, até dezembro, um decreto que impede a abertura de novos cursos de medicina no país pelos próximos 5 anos.

A medida foi sugerida pelo Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), sob a justificativa de ‘preservar a qualidade do ensino”, que pode ser prejudicada devido à ”expansão desordenada” do número de vagas. A classe médica concorda: segundo o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Diogo Leite Sampaio, a expansão foi feita sem critérios. O Conselho Federal de Medicina (CFM) vai além, dizendo que é necessário também limitar a expansão de vagas nas faculdades já existentes.

A tal justificativa, porém, contraria as gestões anteriores do próprio MEC (Ministério da Educação), que investiam na ampliação das vagas justamente para suprir o déficit na distribuição de médicos em certas localidades do país. 

Déficit este que, inclusive, foi um dos motivos para a criação do programa Mais Médicos, no Governo de Dilma Rousseff, que levou mais de 18 mil médicos, entre cubanos, brasileiros e de outras nacionalidades, a mais de 4 mil municípios por todo o país, atendendo a uma população de 63 milhões de brasileiros. A presidenta inclusive ironizou a medida na última sexta, no Twitter, intitulando-a de ”Menos Médicos”.

Na região Norte do Brasil, por exemplo, o número de habitantes por médico chega a exorbitantes 953,3 pessoas. No Nordeste, este índice é de 749,6. Para efeito de comparação, a região sudeste, onde há maior disponibilidade de médicos, são 353,3 habitantes para cada profissional.

A quem interessa então este impedimento, quando o número de habitantes por médico chega a ser quase 3 vezes maior apenas de uma região do país pra outra? Faz sentido justificar esta medida com base na ”manutenção da qualidade” do ensino, quando o próprio MEC dispõe de avaliações anuais que justamente medem esta qualidade e descredenciam os cursos que não atendem as exigências?

O interesse é unicamente da categoria. Interesse que inclusive se torna óbvio quando observado pela ótica da velha lei da oferta e procura: a alta demanda, especialmente em certas localidades do país, somada à baixa oferta de profissionais, é o cenário perfeito para a cobrança de preços abusivos e serviços de baixa qualidade oferecidos à população, focados não na cura do paciente, mas na prescrição de procedimentos, exames e intervenções as vezes desnecessárias, visando maior lucro. Além disso, o decreto também favorecerá a já altíssima reserva de mercado da classe médica.

Quem paga, como sempre, é a população, que já carente do serviço, sofrerá ainda mais com o déficit que tende a aumentar e, quem pode pagar, ficará refém dos serviços caros oferecidos. 

Até quando nós iremos pagar por um governo antipopular e por um presidente que governa para atender exclusivamente aos interesses dos empresários e instituições?

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