Via Brasil 247
Os funcionários da Eletrobrás enviaram ao 247 material sobre o agente oculto da privatização da Eletrobrás, que seria ligado à Equatorial Energia, que tem conexões com o bilionário Jorge Paulo Lemann. Dias atrás, o jornalista Luis Nassif denunciou a mão grande de Lemann na privatização da Eletrobrás, naquele que seria o negócio do século.
Abaixo, texto sobre o agente oculto da privatização:
Eletrobras: Antes tarde do que nunca… a demorada saída de Oscar Salomão
Hoje a noite, 14 de setembro de 2017, o Sr. Oscar Salomão Filho esvaziou sua mesa no 12º andar do Edificio da Eletrobras na Av. Presidente Vargas. Oscar Salomão foi homem chave em muitas privatizações do setor elétrico na década de noventa e nesta (CEMAR, CTEEP, CELPA, CESP, AES, CELG-D ver linkedin abaixo), e hoje era o braço direito de Wilson Pinto, presidente da Eletrobras. Oscar estava também a frente da privatização da Eletrobras, até ser exonerado junto com vários outros assistentes em cargos comissionados. Uma ordem judicial do processo 0762 de 2013 da 6ª vara de justiça do trabalho de Brasilia, 10ª Região, determinou a exoneração dos indicados políticos em cargos comissionados, o que se concretizou no dia 14 de agosto de 2017. Logo depois, no dia 21 de agosto, a Eletrobras indicou Sr. Oscar para presidência da Eletropar, uma subisidiária sua que possui menos de 10 funcionários. Seu nome ainda não foi aprovado pelo MME. Logo, Oscar encontra-se sem cargo na Eletrobras.
Interessado em não perder tempo, Oscar continuava a trabalhar mesmo depois de sua exoneração. Trabalha de graça, de forma irregular e ilegal, já que não possui mais nenhum vinculo com a Eletrobras. E não é qualquer trabalho. Tem acesso a dados estratégicos da empresa, chefiando as equipes da Eletrobras em reuniões no BNDES para a privatização.
Ontem mesmo, dia 14 de setembro de 2017, esteve em reunião com a Dra. Lidiane Gonçalves, da área de Desestatização do BNDES. Para Dra. Lidiane, o presidente da Eletrobras, sr. Wilson Pinto, garantiu que Oscar estava ali como funcionário da Eletropar. Apesar da indicação ter ocorrido, a nomeação de Oscar ainda não se concretizou. A reunião correu normalmente, ainda que o nome de Oscar não tenha sido confirmado no diário oficial e que a Eletropar não guarde relação nenhuma com a privatização da Eletrobras.
Os Sindicatos e a Associação de Trabalhadores da Eletrobras informaram hoje, 14/09/2017, através de carta, que já denunciaram a atuação irregular de Oscar para o Ministério Público. Planejam também entrar com processo na justiça para anular todas as decisões tomadas nas Reuniões em que Oscar esteve presente de forma irregular.
É provável que agora Oscar não volte mais a exercer qualquer papel na privatização da Eletrobras, pois mesmo que sua indicação para presidência da Eletropar se concretize, seria muito complicado para as empresas justificar sua continuidade.
Oscar é ligado a Equatorial Energia, é atualmente do conselho de administração da CEMAR. A Equatorial sempre esteve de olho nas distribuidoras da Eletrobras, em particular da CEPISA, além de já ter manifestado interesse publicamente em diversas participações que a Eletrobras tem em SPEs.
Informe da Associação de Empregados da Eletrobras
http://www.aeel.org.br/data/files/Informe_123_17_Descumprindo_a_Lei.pdf
Currículo de Oscar
https://br.linkedin.com/in/oscar-alfredo-salom%C3%A3o-filho-b7744663
Abaixo, a denúncia de Luis Nassif:
O pano de fundo da privatização da Eletrobrás é o seguinte.
O pai da ideia é o Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, operador colocado para dar as cartas no MME. O Ministro é figura decorativa.
Pedrosa é ligado ao fundo de private equity GP Investimentos, que nasceu das entranhas do Banco Garantia para administrar parte dos ativos, quando os três fundadores embarcaram na grande aventura Ambev.
GP é Garantia Partners, que comprou a Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão) quando essa estava sob intervenção da Aneel depois de ter sido devolvida pela Pennsylvania Power and Light, que perdeu 330 milhões de dólares na primeira privatização da Centrais Elétrica do Maranhão e a entregou de volta por 1 dólar.
Foi dada de graça a esse grupo apesar de haver uma proposta com dinheiro a vista do grupo americano Franklin Park, operador do Fundo Guggenheim, um dos maiores fundos de private equity americanos. Mas foi um leilão de cartas marcadas, no qual o trunfo do comprador estava na facilidade em renegociar os passivos da empresa com a Eletrobrás.
Daí nasceu a Equatorial Energia, que depois comprou a Celpa (Centrais Elétricas do Pará).
Denunciei essa operação quando colunista da Folha de São Paulo, através das colunas:
O Caso Cemar, de 5 de abril de 2005
Gato no setor elétrico, de 4 de abril
O quebra-cabeças da Cemar, de 6 de abril
onde mostrava a influência do grupo de ACM e Sarney e dos movimentos incompreensíveis da Eletrobras.
O Ministério Publico da Suíça tem um dossiê sobre as operações com a Cemar, e chegou a investigar o episódio através da Embaixada da Suíça em Washington. Mas, depois que perderam, os americanos preferiram não se envolver.
Em todo caso, se o MPF brasileiro pedir o dossiê, é possível que o Ministério Público suíço colabore. Na época, tinham rastreado o dinheiro da propina e chegado ao beneficiário final.
A Equatorial faz parte do grupo de controle da Lighr Rio.
Paulo Pedrosa foi Conselheiro da Equatorial, da Celpa, da Cemar e da Light, portanto ligado ao grupo Equatorial que é controlado pelo GP Investimentos, hoje com novo nome de 3 G.
O fundo 3G é hoje o segundo maior acionista privado da Eletrobrás e foi um dos grandes compradores de ações na véspera do anuncio da privatização. A CVM está investigando. Para não aparecer, o 3G usou o J.P.Morgan e mais dois bancos como fachada.
Há vários meses há um grupo de trabalho interno da 3G debruçado sobre os ativos e passivos da Eletrobrás.
A meta é assumir o controle da Eletrobrás, o grande alvo do grupo Equatorial. Se bem sucedido, seria um negócio do “padrão GP”. A Eletrobrás, companhia com ativos avaliados em 400 a 600 bilhões de reais, com dividas de 39 bilhões e passivos ocultos de 64 bilhões, mas que podem ser liquidados por um terço disso e cujo controle pode ser comprado por R$15 bilhões.
Seria o negocio do século. Com R$ 15 bilhões, o 3G compraria um patrimônio liquido real de 300 a 350 bilhões de reais, um operação na escala da AMBEV e melhor ainda que esta.
Há pouco tempo o grupo 3G tentou comprar o controle da UNILEVER, e foi barrada pelo Governo britânico, desconfiado do estilo corsário do grupo.
É um conflito de interesses gigantesco. Paulo Pedro, o Secretario Executivo do Ministério de Minas e Energia, o idealizador do anúncio de privatização da Eletrobras. Sendo conselheiro de todas as empresas do Grupo Equatorial por trás do qual está a 3G.