Em mais uma das trapalhadas diplomáticas de Bolsonaro, o presidente envergonhou o Brasil perante a comunidade internacional em Israel nesta terça. Bolsonaro visitava o centro de memória do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, museu público israelense que lembra as vítimas e aqueles que combateram o genocídio de seis milhões de judeus pelos nazistas. Contradizendo a aberração da declaração, o museu se posicionou reconhecendo que o Nazismo é de direita.
Não bastasse o disparate lançando chamas em cima de um debate puramente conceitual (que deixa claro, ao ser analisado, que Nazismo nunca foi de esquerda), Bolsonaro também rendeu homenagens ao torturador Coronel Brilhante Ustra, um dos maiores nomes da repressão da Ditadura Militar no Brasil, responsável por torturas e perseguições brutais e crueis. Ainda na visita a Israel, ironicamente, Bolsonaro visitou o Museu do Holocausto e também o Muro das Lamentações, homenageando as vítimas do nazismo na 2a Guerra Mundial.
A ironia da visita salta aos olhos de quem acompanha o discurso de Bolsonaro – e nem precisa de uma grande pesquisa para entender porquê Bolsonaro não está apto para render homenagens às vítimas do Holocausto. Basta observar sua postura durante a própria visita. Judeus foram torturados, assassinados, queimados e perseguidos numa das maiores tragédias da humanidade. Ustra foi um dos principais responsáveis pelas torturas, perseguições e crimes cometidos pela Ditadura Militar após o Golpe de 64. Não cabe, no mesmo sujeito, sensibilizar-se pela morte dos judeus e homenagear um reconhecido torturador e membro de um governo ditador no Brasil. Ainda mais no mesmo ambiente, estando em Israel.
A inaptidão de Bolsonaro para lidar com temas polêmicos revela sua total incapacidade de gerir o país. A frente de um país golpeado desde 2016, com a economia frágil e com uma investida ultra neoliberal de seu Ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro revela-se um líder sem liderança, um presidente sem jogo de cintura e um chefe de estado que, aos poucos, joga toda sua credibilidade com a comunidade internacional no lixo, levando também a imagem e a soberania do Brasil ao campo da irrelevância nos grandes tratados e acordos mundiais.
Ao afirmar que o Nazismo é de esquerda, o presidente ignora conceitos básicos e fundamentais do Marxismo difundidos à época. O que se queria na Alemanha nazista de Hitler era a criação de um estado nacionalista, totalitário e antissemita para a Alemanha – não havia uma luta idealista que combatesse o capital neoliberal no mundo todo. Buscava-se o “estado perfeito” alemão. A confusão se dá pelo nome do partido hitlerista: Partido Nacional-Socialista alemão, que fazia alusão a uma transformação social antissemita, não ao socialismo.
Mas o que esperar de um presidente que ganhou as eleições usando de má fé os recursos digitais, espalhando notícias falsas, criando teorias da conspiração, e que construiu sua “base” de “militância de digital” em fazendas de internautas que difundem mitos como o do nazismo ser de esquerda, do Golpe de 64 ser uma contrarrevolução para “deter o fantasma do comunismo”, da terra plana? Há quem diga até mesmo que o Holocausto não existiu. Bolsonaro continua vivendo munido de informações do Twitter, se comunicando através de declarações polêmicas e condenáveis e criando crises consecutivas. Resta saber quando será cobrado por suas declarações irresponsáveis que colocam o país em risco.