O desmentido da “fake news” era uma “fake news”

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O episódio sobre o terço abençoado pelo papa Francisco entregue a Lula  levou a esfera jornalística a questionar o alcance do poder das agências de checagem (fact checking). Após o PT e a assessoria de imprensa do ex-presidente informarem que o presente teria vindo do próprio sumo pontífice, agências de checagem, como a Lupa e a Aos Fatos, cravaram o status de fake news para portais que noticiaram o fato. Entretanto, algumas horas depois da nota, e de as agências, de forma apressada, terem decidido que se tratava de fake news, o portal do Vaticano apagou a nota e a corrigiu, informando que, de fato, Grabois é consultor de um conselho papal e que a nota anterior trazia erros de tradução.

Leia o artigo publicado pelo jornalista Fernando Brito sobre o assunto

A ânsia de tentar provar que Lula não é o líder político de maior projeção no mundo, o que todos sabem que é, está levando a história do Terço abençoado que lhe enviou o Papa Francisco virar uma comédia trágica de desmentidos e “saias justas”.

O serviço brasileiro de notícias do Vaticano, logo após a frustrada tentativa de visita a Lula feita por Juan Grabois, desqualificou o advogado, dizendo que ele era apenas um  “ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz”, conforme o Vatican News, portal de informações oficial da Santa Sé, como noticiaram efusivamente a Veja e outros veículos da grande imprensa e os sites de direita.

Ontem à noite, o Vaticano mandou apagar  esta nota e, em seu lugar,  publicou a correção ao que seriam “erros de tradução” que teriam levado a “imprecisões”.

E Juan Grabois não é apenas “consultor”. É, também, segundo a nota oficial do Vaticano, “coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco.”

Na falta de elementos para sustentar a desqualificação de Grabois, passaram a desqualificar o próprio Terço abençoado pelo Papa, sugerindo que Francisco os abençoe aos lotes, só faltando fantasiar que ele o faça da porta de um depósito cheio de caixotes com milhares de ícones made in China. É só olhar a peça e se verá que não é assim, no caso de se imaginar que o papa não dá muito valor à sua própria benção.

Papa Francisco, por razões óbvias, escolheu para a missão um representante pessoal, ligado a ele próprio, não um dignitário da Igreja, o que implicaria em questões diplomáticas. Coisa que a imprensa brasileira parece não compreender e, diga-se, também não o serviço de notícias em português do Vaticano.

Papa Francisco deve estar agora com seu tranquilo sorriso: graças à cegueira dos que impediram Grabois de ver Lula e a tontice dos que tentaram desqualificar o Terço, o assunto está tendo a repercussão que a imprensa  que o esconderia.

Afinal, o Papa disse, em março, que a desinformação é o mais perigoso dos pecados da mídia, por fazer com que os meios de comunicação não passem as informações completas para a sociedade. “A desinformação é dizer as coisas pela metade, aquilo que é mais conveniente.

Fonte:  Tijolaço

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