Ascensão de Bolsonaro descortinou o ódio e o preconceito da nação “cordial”

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As eleições já eram um prenúncio do que viria por aí. Quando começou a subir nas pesquisas, Bolsonaro carregou com ele tudo o que ele simbolizava e representava em sua visão de mundo e ideologia conservadora. Quando os brasileiros escolheram eleger um homem auto-declarado fascista, através de suas ações e falas públicas, traçaram a sina do Brasil. A partir dali, muita coisa mudaria.

Se tem uma coisa que não podemos reclamar da gestão Bolsonaro é a falta de comprometimento com as pautas e promessas de campanha. Assim como sua trajetória política, seu discurso durante as eleições sempre se voltaram contra o povo mais pobre e os militantes e partidos de esquerda. Bolsonaro prometeu perseguir o grupo que ele chama de “vemelhos”. Falou em matar comunistas, liberar as armas, flexibilizar legislação ambiental e acabar com os Direitos Humanos.

Portanto, cumpre aquilo que prometeu. Desde sua posse, estampam manchetes de jornais as medidas absurdas que seu governo adota em diferentes frentes. Indicou criminoso ambiental para o ministério do meio ambiente. atacou a Cultura e desmontou o ministério que cuidava dessa pasta, além de encerrar patrocínios culturais providos pela Petrobrás. Ataca os mais pobres com as medidas econômicas que condenam os brasileiros à miséria, como o congelamento do salário mínimo e os cortes na educação. Já somam milhares de pesquisas paradas, sem dinheiro para seguirem nos avanços científicos no Brasil.

Bolsonaro flexibilizou a legislação de trânsito, diminuindo a gravidade de crimes cometido por motoristas, quando ele próprio (e sua família) são recordistas em multas de trânsito. Bolsonaro demitiu funcionário do Ibama que o havia autuado meses atrás. A gestão de Bolsonaro transferiu a namorada de Lula para um local de trabalho a mais de 500km de Curitiba, onde estava lotada, para afastá-la do ex-presidente. Bolsonaro entregou a Base de Alcântara para os Estados Unidos e, com sua política internacional desastrosa, afastou os chineses do Brasil e entregou rotas de comércio com a Ásia para Trump, outro de sua turma do ódio.

Bolsonaro representa a homofobia, o crime de ódio, o racismo sistemático e toda sorte de preconceitos que levam a nação a caminhar no mesmo rumo. Sua ascensão ao poder fez saltar os discursos de ódio pelas ruas e nas redes sociais, bem como as taxas de violência ligadas a tais discursos. Recentemente, manifestou apoio e solidariedade a um cantor que fez parte de sua campanha presidencial. O problema é que o tal cantor suicidou após ter espancado severamente, levando quase a morte, sua amante grávida.

Ao endossar este comportamento medieval e relativizar os crimes de ódio, o Presidente da República e seu desgoverno, incluindo seus ministros, assessores e filhos, autoriza que o Brasil dispa-se da camada fina de cordialidade e “boa praça” que tinha até então e leve às ruas (e às últimas consequências) o comportamento violento contra minorias e àqueles que simplesmente pensam de forma diferente do modus operandi que rege o país.

Para a população negra, que mais sofre com o genocídio social no Brasil, por exemplo, que recado dá o presidente quando diz que matar um músico negro com as forças armadas com mais de 80 tiros é apenas um incidente e se solidariza com o suicídio de um branco agressor de mulher grávida, que era sua amante? Quando diz preservar os valores da família, é dessa família que ele fala? Com o discurso alinhado ao do presidente, a violência segue num país descontrolado que discute liberação de armas, inclusive de fuzis, a civis brasileiros.

O racismo aumenta, o feminicídio aumenta, o ataque a religiões de matrizes africanas aumenta, o ataques a grupos de esquerda aumenta, os crimes de LGBTfobia aumentam e o Brasil, cada vez mais, perde as vestes do cordialismo e se mostra um país do ódio, do preconceito e da violência. Tal qual o presidente.

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