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Por Luiz Sérgio, Deputado Federal do PT-RJ

Publicado originalmente no Jornal O Dia

A notícia de que uma cidadã inglesa foi baleada no bairro da Água Santa, em Angra dos Reis, no domingo, dia 6, ganhou destaque na imprensa nacional. Destaque merecido diante de um crime bárbaro, cometido contra uma vítima indefesa, cujo único ‘erro’ foi entrar com o marido e as filhas num local sob domínio do crime organizado.

Por sorte, a moça sobreviveu ao ataque. Mas essa não é a regra. É provável que muitos se surpreendam, mas todos os anos dezenas e dezenas de jovens são assassinados em Angra dos Reis, numa rotina cruel muito semelhante à vivida em grandes centros urbanos. São vítimas cujos casos, infelizmente, não ganham destaque. Parecem ser encarados como naturais. Não são.

A verdade é dura: Angra vive mergulhada no medo diante do domínio exercido pelo tráfico. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do Rio, a cidade é a mais violenta do Sul Fluminense e uma das mais perigosas do estado. São 41,25 mortes violentas por 100 mil habitantes, em média, entre 2013 e 2016. Bem mais que a média do estado no mesmo período, que foi de 27,48.

O drama vivido pela família de turistas ingleses faz parte do dia a dia de milhares de moradores de Angra. Há casos de amigos e familiares que simplesmente não podem se visitar pelo mero fato de viverem em bairros dominados por facções rivais. Determinados locais são proibidos para os cidadãos e até mesmo para o poder público, como admitiu, em entrevista recente, o secretário de Governo da cidade.

Essa situação não começou ontem. A degradação da segurança pública em Angra dos Reis é um processo iniciado há anos e que ultrapassou todos os níveis de tolerância. Os angrenses — assim como seus visitantes — estão sitiados no paraíso. A cidade, que sempre teve orgulho da Baía da Ilha Grande, suas ilhas e belezas naturais, hoje vive acuada. O perigo está, literalmente, em cada esquina.

A violência é um problema de fato em todo o Estado do Rio. A capital, a Região Metropolitana e muitas cidades do interior convivem com essa realidade. Não há solução isolada. O Estado não tem o direito de virar as costas para o problema. Enfrentar a violência, com inteligência e ações integradas, é uma demanda urgente que não pode mais ser adiada.

 

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