Por Cida Abreu
Através de uma lupa reflexiva, ou seja, utilizando o conceito da capacidade do instrumento lupa criar imagens virtuais ampliadas, podemos compreender e enfrentar estrategicamente desafios postos a maioria da população brasileira, que é negra e de baixa renda, referente a vulnerabilidade ao sistema de manipulação integrado do poder econômico, político e da mídia.
Os reflexos de 300 anos de colonização extrativista, trouxeram aos costumes e valores praticados pela sociedade e instituições pós abolição de 1988 e para as instâncias de poderes constituídos pelo regime de república federativa constitucional presidencialista adotado desde 1989, um forte bloqueio ao desenvolvimento integrado do Brasil. De posse da lupa reflexiva, observando atentamente critérios adotados, estereótipos, etnia, faixa etária e território (não só regional mas local), referentes a representação nos espaços de poder e decisão, nos modelos e política de gestão e a quebra de acordos constitucionais, é obvio perceber que o sistema de colonização extrativista constituiu uma sociedade apática a sua realidade cultural, tornando o Brasil, país continental pluriétnico dotado de poder econômico natural e humano incapaz de desenvolver-se de forma integral, integrada e sustentável, porém capaz de reproduzir o racismo, a intolerância e a desigualdade.
Um dos maiores investimentos para a superação das nominadas incapacidades ao desenvolvimento, é o investimento no desenvolvimento de competências, ou seja, no conhecimento. Esta, uma vez desenvolvida trará habilidades e atitudes potenciais a responder as necessidades técnicas e estrutural de grupos e pessoal ao desenvolvimento que o país necessita. Este desenvolvimento, atrelado a valores culturais potencialmente capaz de considerar os fatores sociais, econômicos e ambientais na dimensão da organização das instituições e nas suas práticas, impactarão os indicadores sociais positivamente e promoverão o desenvolvimento integrado, rompendo com o campo das intensões.
O título sugere, que peguemos a lupa reflexiva e a coloquemos sob os fatos que nos afetam, incomodam e interferem no nosso cotidiano e do nosso país, a coloquemos sob as práticas que interferem na realidade dos espaços que atuamos ou desejamos, no modelo e critério que definem os espaços de decisão, nas práticas e no real valor dado a maioria da população e ao seu território, no alerta aos projetos de curto médio e longo prazo nos fazendo ou nos obrigando a desenvolver competências, habilidades e atitudes que enfrentem e sejam capazes de derrotar no cotidiano individual e coletivo a imposição do sistema de colonização extrativista contemporâneo do Brasil.