Aumento da renda e retomada do crescimento

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*Dimas Gadelha é médico sanitarista, ex-secretário de Saúde de São Gonçalo/Rj e ex-secretário de Gestão de Maricá/RJ

Matéria publicada pelo jornal O Globo nesta segunda (6) revelou ao distinto público que o Brasil já é o país do salário mínimo. Isso para quem tem a sorte de encontrar uma ocupação, seja ela formal ou informal. Segundo o periódico carioca, 38% dos trabalhadores ganham até o piso salarial no país que hoje é de R$ 1.212,00 corroídos por uma inflação de dois dígitos que não dá sinais de recuar ainda este ano. Atingindo em cheio os mais pobres.

Em apenas sete anos, o universo de trabalhadoras e trabalhadores dentro desta faixa salarial subiu mais de 10 pontos percentuais. Em 2015 eram 27,6%, passando a 30% no final do governo usurpador do Temer em 2018 até alcançarmos os números anunciados ontem. A renda média do trabalhador naquele ano, que era de R$ 2.764, também desabou para R$ 2.569, inviabilizando a retomada do crescimento econômico e do bem-estar no país.

Uma tragédia absoluta, com jeito de profecia saída da boca da presidenta Dilma em seu último pronunciamento, depois de apeada do poder num golpe parlamentar que jogou o país nesse buraco que, a cada dia que passa, esse governo com prazo de validade vencido faz questão de cavar ainda mais fundo.

A informação vem com cores ainda mais sinistras quando sabemos que as vagas no mercado de trabalho, além de serem oferecidas no piso salarial, são preponderantemente informais, destruindo, assim, com o mito de que a reforma trabalhista em si, que tirou direitos consagrados desconfigurando a CLT, faria o milagre da multiplicação dos empregos. Conversa fiada, que deve ser revogada em novo governo Lula em 2023.

Embora o rastro de destruição seja grande, não há mistério: precisamos urgentemente retomar o crescimento. Retomando – com aperfeiçoamentos – as políticas adotadas entre 2003 e 2012. Com presença forte do Estado como indutor do desenvolvimento em parceria com o capital privado que espera do país segurança política e jurídica para investir, que somente o Estado Democrático de Direito pode garantir.

A queda brusca da média salarial e o aumento quase que exclusivo de vagas apenas com o piso mínimo está diretamente ligado à hipertrofia do setor de serviços e ao desaparecimento dos empregos na indústria, um problema crônico que o Brasil vem enfrentando por absoluta inércia do governo federal que dá impressão que quer ver o circo pegar fogo, como na mais nova pataquada enviada ao Congresso para baixar o preço dos combustíveis. Além de não ir na raiz do problema, que é a política extorsiva de preços da Petrobras atrelada ao dólar, fere de morte o sistema de financiamento da Educação, composto em sua mair parte da contribuição de parte do ICMS dos estados.

Temos como imperativo, porém, sermos otimistas. Porque temos a nosso favor tecnologia e vocação na área de petróleo e gás, um parque industrial farmacêutico ocioso, centros de tecnologia e universidades com pesquisa em diversas áreas que podem ser utilizadas na retomada de umprojeto de país novamente forte e soberano para sairmos desse atoleiro que tem nome e sobrenome.

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