Tacla Duran: Uma pá de cal na reputação de Moro

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Por Francisco Costa

Assisti ao depoimento, feito por vídeo conferência, do advogado Rodrigo Tacla Durán, do primeiro ao último segundo, atento ao que falou, às expressões faciais, momentos de laconismos e redundâncias, possíveis tiques, tudo o capaz de denunciar a insegurança de quem mente, falseia, conta historinha.

Claro que o moço não é santo. Movimentou muitos e muitos milhões de dólares, aqui e no exterior, esteve na crista da onda da Odebrecht e da JBS, teve relações íntimas com os Marcolas, Beira Mares e Aécios institucionais… Mas demonstrou segurança e convicção durante quase todo o tempo, sem cair em contradição uma vez sequer, mesmo nos momentos em que deputado que chegou depois, sem ter ouvido a pergunta feita anteriormente, a repetiu, o que seria terrível para Durán, se estivesse mentindo (isso confunde o cérebro, e por isso na ditadura militar alternavam-se os torturadores inquisidores, tática ensinada pela Cia).

Sem mais delongas: tivéssemos juízes de fibra, desembargadores compromissados, procuradores éticos e, principalmente Ministros do STF dedicados exclusivamente à justiça, sem interesses outros que não a justiça, e a Lava Jato acabaria hoje, com a prisão de Sérgio Moro e de toda a chamada Força Tarefa, leia-se procuradores do Ministério Público e agentes da polícia federal, lotados em Curitiba.

Houve sempre um mistério pra mim: porque os acusados, principalmente no PMDB e PP, têm tanto ódio de Moro, quando o esperado é que tivessem medo?

E Tacla me esclareceu: dinheiro, tomam as delações como extorsão, coisa de quadrilhas rivais, exatamente como a ADA (Amigos dos Amigos) e o CV (Comando Vermelho), aqui no Rio.

E porque afirmo isso, e aqui exalto a perspicácia do deputado Waldih Damous?

O advogado Zucolotto, amigo íntimo de Moro, padrinho de casamento de Moro e ex-sócio de Rosângela, mulher de Moro, entrou em contato com Tacla Durán, para negociar uma delação premiada.

 

Como é que seria a parada? Moro condenaria Durán a alguns anos de cadeia e citaria uma conta bancária no exterior, como de Durán.

Acontece que a conta citada seria fictícia. Moro pediria quinze milhões de ressarcimento, para os cofres públicos. Durán alegaria não ter essa conta e provaria, alegando não possuir esses 15 milhões. Moro então reduziria para 10 milhões, sendo 5 milhões para os cofres públicos, 5 milhões para Moro e Força Tarefa e 5 milhões para Durán, com redução drástica da pena e vistas grossas para outras contas de Durán, com dezenas de milhões de dólares.

Rodrigo Tacla Durán tem provas disso? Zucolotto é meio burrinho, fez todas as tratativas através do computador… Institucional, não no seu, particular ou de terceiros, mas num computador da rede de computadores da 13a Vara Federal de Curitiba, de Moro & Cia, e quando a bosta fedeu, Zucolotto ficou quieto, Moro é que veio a público defendê-lo, como pessoa honrada.

Pelo mesmo computador, Zucolotto passou a Durán a minuta da delação.

Tudo isso foi fotografado por Durán, que entregou à Justiça espanhola, que periciou e… Autêntico, sem montagem e/ou editoração.

Por uma série de motivos que ele enumerou, entre eles a exigência de que dissesse em juízo o que Moro e os procuradores queriam que ele dissesse, assumindo crimes que não cometeu e

denunciando fatos e pessoas que ele desconhece, além de estar se sentindo vítima de extorsão, recusou a delação.

Durán pediu para ser julgado na Espanha (os juristas espanhóis e portugueses são tidos como entre os melhores do mundo, e lá só se condena por provas e não por delação premiada), a justiça espanhola pediu ao Ministério Público Brasileiro que enviasse o processo para lá, Janot autorizou e Moro vem protelando o envio, sob desculpas esfarrapadas, a meses, sendo a última delas que desconhece o endereço de Durán.

Como? Durán mora na mesma casa quase desde sempre, a casa foi do avô dele, que passou para o pai dele, que está com ele, que é o inventariante do imóvel (o pai morreu recentemente). Mesmo assim, Moro poderia pedir à Justiça espanhola que lhe fornecesse o endereço, já que na inicial do processo de pedido de julgamento lá, ele teve que dar o seu endereço. Moro poderia peticionar a polícia federal, pedindo, já que Durán tem passaporte brasileiro, onde consta o seu endereço, ou nem isso, bastaria pedir a um policial da Força Tarefa que entrasse no sistema da PF e anotasse, ou, já que os e-mails da negociata da delação foram trocados na rede institucional, Moro tem o seu endereço eletrônico, podendo perguntar ou intimar a que fornecesse o seu endereço… Mas Moro prefere afirmar que ainda não mandou porque não sabe o endereço dele, como se fosse mandar para a casa dele, e não para a Justiça espanhola.

Faz isso com a certeza da impunidade.

Diante de todo o exposto, agora podemos entender Youssef em casa, depois de condenado a dezenas de anos de cadeia, relaxada após um acordo de delação premiada, em casa, usufruindo da sua fortuna.

Lembra da Mônica e o marido, os marqueteiros de Dilma e de outros políticos, inclusive do PSDB, condenados a mais de 20 anos de cadeia? Fizeram acordo de delação premiada, pagaranu multa e… Um ano e meio de prisão domiciliar. Segundo Durán, Moro fez vistas grossas a várias contas do casal, em paraísos fiscais, com dezenas de milhões de dólares.

Teve um que Moro localizou 44 bilhões num paiseco europeu, não lembro se Andorra ou Luxemburgo, talvez Mônaco (não anotei nada do depoimento, estou me valendo da memória) e, após a delação premiada pagou um milhão (44 mil vezes menos do que roubou) e teve a prisão relaxada.

E uma pergunta que não pode, não deve e não quer calar: tudo isso porque Moro é um homem de bom coração, não gosta de prender ninguém?

O que o faz prender tão rápido, por prevenção ou cautela, e soltar logo que o infeliz pede benefício de delação premiada?

A pouca vergonha está tamanha que Waldih Damous está sendo ameaçado, via Twitter, pelos… Procuradores Públicos.

Se é tudo mentira, porque não processam o deputado, ao invés de tentar intimidar?

Mas Durán falou mais, e com provas, periciadas ou que podem ser periciadas: que na Lava Jato há fraudes, supressão de documentos nos autos dos processos, adulteração de datas em fatos ocorridos ou não, na base do que as pessoas são condenadas ou beneficiadas, e aqui entra a condenação do Lula, motivo do artigo de amanhã de manhã, porque este já está longo e, segundo a moderna psiquiatria, textão supura as hemorróidas dos coxinhas.

Como não vai dar na Globo, os beócios vão continuar a dizer que estão com Moro.

Eu também, tô com Moro e não abro, na cadeia.

Francisco Costa
Rio, 30/11/2017

 

Veja a audiência completa com  Tacla Duran:

O resumo com toda a CPI da JBS você pode ver aqui

 

 

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