A amplitude do arco de alianças para 2018

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Por Edson Santos – Em artigo recente, o presidente do PT/RJ, Washington Quaquá, faz uma análise crítica dos governos Lula e Dilma e dos problemas que levaram ao golpe, dentre os quais destaca o excessivo republicanismo sem a devida “construção de retaguardas” com que perseguimos a conciliação de classes para alcançar o tão sonhado estado de bem estar social. Na busca por um pacto social com a burguesia, teríamos deixado de enfrentar a mídia oligopolizada e ainda perdido a oportunidade de politizar o povo. A partir daí, Quaquá descreve movimentos táticos para a próxima disputa eleitoral, na qual, ao que tudo indica, teremos Lula como o candidato com mais chances de vitória.

 

A análise do ex-prefeito de Maricá tem sido objeto de ácidas críticas quanto a sua forma e o seu conteúdo. Quanto
à forma, são dispensáveis, porque o companheiro não concorre a uma vaga na ABL. O que ele quer, e isso merece o máximo respeito, é construir um ambiente de diálogo sobre o futuro do país. Devemos focar no conteúdo de suas propostas, pois é aí que toucinho começa a virar torresmo.

A questão está na amplitude do arco de alianças para disputa de 2018. Seus críticos propõem uma frente de esquerda puro sangue como base de apoio a Lula na disputa presidencial, sem levar em consideração o conjunto de forças conservadoras domésticas e estrangeiras que se uniram para, por meio de uma campanha de ódio e intolerância, empoderar este governo de traição nacional. Não se trata de marcar posição ideológica. Perder a próxima eleição será permitir a consolidação do projeto que se colocou em marcha a partir do golpe: um programa que vem sendo rejeitado pelos brasileiros desde a década de 1990, que consiste na implantação do modelo neoliberal, marcado pela subordinação dos desígnios da nação às forças de mercado. Levado a cabo este projeto, o Estado terá se afastado das obrigações fundamentais que lhe são atribuídas pela Constituição, como a indução do desenvolvimento, a promoção da igualdade e a garantia da soberania nacional.

Será a destruição do Brasil enquanto nação soberana garantidora dos interesses e direitos sociais do seu povo, principalmente daqueles que mais necessitam da ação do Estado, por meio de políticas que possibilitam sua inclusão de forma digna na sociedade, a saber, os pobres, os negros e as mulheres em sua maioria, os indígenas, os portadores de deficiências e a juventude em situação de risco. Ao que tudo indica, contudo, o impacto das medidas tomadas pela dupla Temer/ Meireles sobre a economia e os sonhos dos brasileiros fará crescer a candidatura de Lula, atraindo amplos setores, inclusive parte daqueles que apoiaram o golpe. A pergunta que se faz é: devemos rejeitá-los?

Esta aproximação é explicada pelos 15 milhões de desempregados no Brasil – muitos no Rio de Janeiro, que viu fechar mais de quatro mil empresas nos últimos dois anos – pela deterioração dos salários e a consequente redução do poder de compra das famílias, pela perseguição às empresas que apostaram no desenvolvimento, adquiriram respeito internacional e hoje disputam mercado com corporações do mundo desenvolvido.

Com tudo isso em consideração, somos desafiados a construir uma ampla frente para derrotar as forças que propõem a implantação do neoliberalismo no Brasil. Uma frente de caráter nacional, democrático e popular constituída em torno de Lula, devendo o PT aglutinar partidos, movimentos sociais, sindicais, intelectuais, personalidades e todos os interessados em retomar um modelo desenvolvimento sustentável e autônomo para o Brasil.

 

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